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Para Rosa Mejía, dona de uma empresa fabricante de móveis no Equador, ter um showroom vazio, o que fez por muitos anos, era frustrante. Na época, ela não tinha móveis para exibir porque a madeira, os pregos, a pintura e outras matérias-primas para construir as unidades de amostra eram caras demais, especialmente se consideramos que ela estava lutando para se sustentar junto com os filhos. Ela não tinha o capital para desenvolver a empresa, mesmo sabendo que o investimento em matérias-primas significaria mais negócios no futuro.

Até que um empréstimo do Banco Pichincha permitiu que Mejía comprasse os materiais e os equipamentos, o que foi um divisor de águas. Finalmente, o negócio desabrochou, e o sucesso permitiu que ela colocasse os filhos na escola. Agora, é a empresa Mueblería que a sustenta, além de empregar também um dos filhos como gerente comercial e uma filha como designer de interiors.

A IFC também apoiou Mejía. Nossa linha de crédito de US$55 milhões para o Banco Pichincha foi destinada especificamente para empréstimos a pequenas e médias empresas (PMEs) que têm mulheres como proprietárias. O crédito, parte do programa mundial Banking on Women, iniciado em 2010 pela IFC, permitiu que o banco equatoriano ajudasse a Mejia.

Banking on Women será lançado ainda em 2018 na Colômbia e no México.

Por toda a América Latina e Caribe, o Banking on Women ajuda instituições financeiras a oferecerem serviços financeiros e não financeiros a empreendedoras. O programa já financiou 10 projetos de investimento em quatro países da região, totalizando um investimento de US$685 milhões. Ele também ofereceu consultoria a bancos em três países da região. Em âmbito global, a IFC já investiu e direcionou investimentos a 52 instituições financeiras em 27 países por meio do programa, com uma carteira comprometida acumulada de quase US$1,7 bilhão em oito anos desde sua fundação. Também oferecemos serviços de consultoria com 39 projetos em 26 países.


Oportunidades para Mulheres Empreendedoras

A região da América Latina e Caribe é uma das principais da carteira do programa. Por meio do Banking on Women, a IFC já auxiliou diversas empreendedoras, fornecendo investimentos diretos, investimentos mobilizados de terceiros e consultoria por meio de bancos no Brasil, Chile, na Costa Rica e República Dominicana, e no Equador. Ainda este ano, o programa será lançado também na Colômbia e no México.

Recentemente, o Banking on Women foi lançado na Argentina, onde as mulheres enfrentam obstáculos resultantes da falta de igualdade de gênero no acesso a recursos financeiros. Somente metade das mulheres do país possui uma conta bancária, sendo que quase 60% dos homens têm contas. Apenas 30% das argentinas têm acesso a crédito, enquanto a cifra dos argentinos chega a 35%. Apesar de as mulheres possuírem cerca de 20% das PME’s da Argentina, mais de 80% dessas proprietárias têm dificuldade no acesso ao sistema financeiro formal.

Ainda assim, as mulheres contribuem de forma significativa para a economia da região. De acordo com os dados do Banco Mundial, 30% da redução da extrema pobreza na América Latina e Caribe entre 2000 e 2010 pode ser atribuída ao aumento da participação das mulheres na força de trabalho. A região também possui o maior índice empreendedorismo “early stage” por parte das mulheres. As empreendedoras ajudam a fomentar a criação de empregos e o crescimento econômico por meio de um alto índice de poupança pessoal e pelo uso de maior parte da sua renda para pagar despesas com saúde, alimentação e educação.

O financiamento de pequenas e médias empresas lideradas por mulheres representa um mercado em potencial de $93 bilhões.

A inclusão é um Bom Negócio

É por isso que, em toda a América Latina e Caribe, proporcionar o acesso a serviços financeiros às mulheres empreendedoras é uma oportunidade comercial inexplorada, com potencial para impactos positivos tanto em âmbito social como econômico. O relatório MSME Finance Gap publicado em 2017 revelou uma oportunidade de mercado potencial de US$93 bilhões para financiar empresas de mulheres na região.

A criação de oportunidades para empreendedoras na América Latina e no Caribe é essencial para permitir o crescimento econômico e o desenvolvimento. Os bancos também são beneficiados. De acordo com a Economics of Banking on Women, a primeira Pesquisa Anual de Análise de Mercado da Global Banking Alliance for Women (GBA), considerando que as mulheres tendem a economizar mais dinheiro do que os homens, elas representam uma fonte de liquidez mais confiável para os bancos. As clientes do sexo feminino também tendem a ser mais conscientes dos riscos do que os homens, o que significa que são mais propensas a fazer empréstimos apenas quando sabem que podem pagar.

A experiência dos clientes da IFC se reflete nos dados da GBA. No primeiro ano, por exemplo, o programa Banking on Women contribuiu para um cliente da República Dominicana, o Banco BHD León, na rentabilidade e no crescimento de forma geral. O BHD relatou ter tido uma taxa interna de retorno de mais de 35%. A carteira de crédito cresceu em 26% para empréstimos comerciais, 19% para empréstimos para automóveis e 8% para empréstimos pessoais, tudo isso em sete meses do lançamento do programa.

Em 2013, no Brasil, a IFC apoiou o Banco Itaú no desenvolvimento de um programa que aumentou sua carteira de PMEs demulheres de 20 para 30%. Os gerentes do banco perceberam uma redução de nove dias nos pagamentos atrasados da carteira de mulheres empresárias que participam do programa no banco. Os indicadores de imagem, reputação e sustentabilidade do Banco Itaú também melhoraram. O mais impressionante é que as empresas de mulheres que participaram do programa no Banco Itaú registraram um aumento de 130% em suas margens de lucro. Em 2017, a IFC continuou a parceria com o Banco Itaú para desenvolver um curso de e-learning em vídeo para fortalecer as habilidades financeiras e a autoestima das empreendedoras.

Enquanto a IFC estiver ajudando as instituições financeiras a explorar essa nova oportunidade de negócio na América Latina e Caribe, empreendedoras como Rosa Mejía terão ainda mais oportunidades para contribuir para o crescimento econômico regional, assim como para o bem-estar de suas próprias famílias. Afinal de contas, para Mejía, assegurar o futuro da próxima geração sempre foi o motivo de ser uma empreendedora de sucesso. “O melhor presente que você pode dar aos seus filhos é a educação”, ela afirma.

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Publicado em junho de 2018